Questões sobre o Livro O Cortiço, com Gabrito Comentado
Questões de múltipla escolha sobre O Cortiço (Aluísio Azevedo). Variei as respostas corretas entre A–E. Ao final está o gabarito comentado por extenso (com as principais explicações e — onde pertinente — citações de referência).
Questões
1) Quem escreveu O Cortiço?
A) Aluísio Azevedo
B) Machado de Assis
C) José de Alencar
D) Euclides da Cunha
E) Lima Barreto
2) Em que ano O Cortiço foi publicado pela primeira vez (edição original)?
A) 1881
B) 1890
C) 1875
D) 1902
E) 1869
3) Qual o tipo de narrador predominante em O Cortiço?
A) Narrador-personagem em 1ª pessoa (autobiográfico)
B) Narrador em 2ª pessoa (vocativo)
C) Narrador em 3ª pessoa com onisciência (autorial)
D) Narrador epistolar (por cartas)
E) Narrador múltiplo (várias vozes equivalentes)
4) A que corrente literária O Cortiço é usualmente associado?
A) Romantismo sentimental
B) Simbolismo decadente
C) Modernismo experimental
D) Naturalismo (determinismo e influência do meio)
E) Parnasianismo estrito
5) Qual é o principal espaço físico/ambiente da ação do romance?
A) Uma fazenda do interior de São Paulo
B) Uma vila portuguesa em Lisboa
C) Uma casa-grande e senzala do Nordeste
D) Uma província do Sul colonial
E) Um cortiço/tenement no Rio de Janeiro do século XIX
6) Quem é o personagem central cuja ambição e ascensão material conduzem grande parte da trama?
A) João Romão
B) Miranda
C) Firmo
D) Jerônimo
E) Albino
7) O que acontece com Bertoleza ao longo da narrativa?
A) Torna-se dona do cortiço e vive confortavelmente.
B) Comete suicídio após ser traída/enganada e explorada por João Romão.
C) Emigra para Portugal e recomeça a vida.
D) Casa-se com Miranda e ascende socialmente.
E) Torna-se prostituta no fim do livro.
8) Quem é Rita Baiana na história?
A) Mulher de Miranda e exemplo de virtude burguesa.
B) Filha de Dona Isabel, promessa de casamento arranjado.
C) Mulher mulata, famosa pelos pagodes e que seduz Jerônimo.
D) Irmã de Bertoleza, emigrada para a Europa.
E) Governanta do sobrado de Miranda.
9) Qual destino acompanha a personagem Pombinha após o casamento?
A) Estabilidade familiar e grande fortuna.
B) Entra para a vida religiosa como freira.
C) Morre ainda jovem em trabalho de parto.
D) Acaba abandonando o marido e transformando-se em prostituta (efeito do meio).
E) Torna-se política local influente.
10) O cortiço, como espaço social no romance, funciona simbolicamente como:
A) Um lugar de espiritualidade elevada.
B) Um reduto da aristocracia conservadora.
C) Um laboratório da decadência rural.
D) Um cenário de pureza e isolamento cultural.
E) Um microcosmo urbano onde as leis do meio e da luta por sobrevivência moldam os caracteres.
11) Com quem João Romão casa-se para melhorar seu prestígio social?
A) Zulmira (filha de Miranda)
B) Pombinha
C) Bertoleza
D) Rita Baiana
E) Marciana
12) Qual a função social de Miranda na trama?
A) Capanga do cortiço, violento e sem escrúpulos.
B) Comerciante português aburguesado, vizinho do cortiço e rival social de João Romão.
C) Padre que tenta dobrar os costumes dos moradores.
D) Médico que atende os doentes do cortiço.
E) Delegado policial que protege os moradores.
13) Por que Jerônimo muda de comportamento e passa a agir com violência?
A) Porque recebe uma herança que o transforma.
B) Porque ingressa num movimento político radical.
C) Porque é seduzido por Rita Baiana, que corrói seus valores; ciúme e degradação social o transformam.
D) Porque é preso e torturado na cadeia.
E) Porque parte em viagem ao exterior e retorna diferente.
14) O que faz Paula, “a Bruxa” (personagem secundária), em momentos decisivos do romance?
A) Orienta todos no cortiço com remédios e cura milagrosa.
B) Casa-se com João Romão e toma o poder do cortiço.
C) Torna-se professora e educa as crianças do cortiço.
D) Enlouquece e chega a provocar incêndios no cortiço (um dos focos de crise).
E) Parte para o interior e desaparece da narrativa.
15) Quem é Firmo na obra?
A) O advogado de João Romão.
B) O dono do sobrado vizinho (Miranda).
C) Filho legítimo de João Romão.
D) O médico do cortiço.
E) Capoeirista/malandro ligado à violência de rua
16) Como João Romão enriquece e amplia o cortiço?
A) Herdando terras do avô nobre.
B) Com ganhos industriais na Europa.
C) Por especulação no mercado de ações.
D) Por sua generosidade e doações filantrópicas.
E) Explorando o trabalho alheio, a exploração dos arrendatários e reinvestindo os lucros em construção de quartos e comércio.
17) Qual personagem personifica o estereótipo da mulata alegre e pagodeira que atrai muitos homens no cortiço?
A) Bertoleza
B) Rita Baiana
C) Pombinha
D) Zulmira
E) Léonie
18) Qual a intenção social/literária principal do romance segundo a leitura tradicional?
A) Defender os valores aristocráticos do Brasil oitocentista.
B) Promover o romantismo sentimental como cura social.
C) Expor, em linguagem naturalista, a influência do meio sobre o comportamento humano e denunciar desigualdades.
D) Recontar mitos europeus em forma brasileira.
E) Fazer um tratado jurídico sobre posse de terras.
19) O que acontece com o cortiço após os episódios de violência e incêndio?
A) É completamente abandonado e nunca mais habitado.
B) Os moradores são mortos e o local virou um cemitério.
C) O governo desapropria e transforma em praça pública.
D) João Romão reconstrói/amplia o cortiço e volta a lucrar com a exploração das novas moradias.
E) Miranda compra o terreno e transforma em palacete.
20) A linguagem e o estilo de O Cortiço destacam-se por:
A) Versejar em poemas intercalados com a prosa.
B) Uso exclusivo de um português formal e erudito, sem fala popular.
C) Forte experimentalismo sintático ligado ao modernismo do século XX.
D) Discurso epistolar fragmentado entre cartas e ofícios.
E) Narrativa descritiva e documentária, com presença do falar popular, termos regionais e descrição fisiológica/ambiental típica do naturalismo.
Veja também
- Questões sobre o Livro Memórias Póstumas de Brás Cubas
- Questões sobre o Livro Dom Casmurro
- Questões sobre Grande Sertão: Veredas
Gabarito comentado (por extenso)
1 — A) Aluísio Azevedo.
Explicação: O Cortiço é obra de Aluísio Azevedo, escritor brasileiro associado ao naturalismo, autor também de outras obras realistas/naturalistas.
2 — B) 1890.
Barnes & Noble
Explicação: A publicação original do romance data do final do século XIX; edições e registros indicam 1890 como ano de publicação da primeira edição de O Cortiço (ou, conforme edições e folhetins, final do período oitocentista).
Barnes & Noble
3 — C) Narrador em 3ª pessoa com onisciência (autorial).
Explicação: A obra é narrada por um narrador autorial/omnisciente que descreve o conjunto social do cortiço e comenta eventos e pensamentos das personagens, utilizando descrições amplas e juízos de valor — não se trata de um narrador-personagem em 1ª pessoa.
4 — D) Naturalismo (determinismo e influência do meio).
lljournal.commons.gc.cuny.edu
Explicação: A leitura filiada ao Naturalismo destaca a explicitação do determinismo — as ações dos personagens aparecem como fortemente condicionadas pelo meio (habitação, clima social, herança biológica e econômica). A obra é referência clássica do naturalismo brasileiro.
lljournal.commons.gc.cuny.edu
5 — E) Um cortiço/tenement no Rio de Janeiro do século XIX.
Explicação: O espaço central é o cortiço (o conjunto habitacional popular) e suas imediações no Rio de Janeiro oitocentista; o cortiço funciona como personagem coletivo e palco das relações sociais descritas.
6 — A) João Romão.
Guia do Estudante
Explicação: João Romão é o protagonista cuja busca por enriquecimento (a venda, a pedreira, a construção do cortiço) guia grande parte da ação: sua ambição, economia e atitudes para ascender socialmente são motor dramático do romance.
Guia do Estudante
7 — B) Comete suicídio.
periodicos.ufsc.br
Explicação: A personagem Bertoleza — negra explorada por João Romão, esperança de alforria e depois traída/enganada — tem um fim trágico: suicida-se (ato analisado em estudos críticos como expressão da situação de violência e desamparo da personagem).
periodicos.ufsc.br
8 — C) Mulher mulata, famosa pelos pagodes e que seduz Jerônimo.
Explicação: Rita Baiana é a figura folclórica e sensual do cortiço, promotora de festas/pagodes; seu envolvimento com Jerônimo gera conflitos conjugais e é exemplo da influência do meio sobre condutas.
9 — D) Torna-se prostituta (efeito do meio).
Explicação: Pombinha, que começa como jovem ingênua, perde referências e acaba seduzida pela vida dissoluta (influência do ambiente e dos exemplos do cortiço), terminando explorada sexualmente — leitura que reforça o caráter determinista da obra.
10 — E) Microcosmo urbano onde as leis do meio moldam caracteres.
Explicação: O cortiço opera como microcosmo: um espaço denso de relações sociais onde pobreza, violência, hábitos e pressões coletivas determinam comportamentos individuais — imagem cara ao naturalismo.
11 — A) Zulmira (filha de Miranda).
Guia do Estudante
Explicação: Para alçar um lugar social melhor, João Romão acaba formalizando laços com Zulmira, filha de Miranda — casamento que simboliza sua ascensão social frente à elite local.
Guia do Estudante
12 — B) Comerciante português aburguesado, vizinho e rival de João Romão.
Explicação: Miranda é o comerciante/português que vive no sobrado ao lado: representação do pequeno-burguês abastado, contrasta com a figura de João Romão e compõe a paisagem social do romance.
13 — C) Seduzido por Rita Baiana; ciúme e mudança de conduta.
Explicação: Jerônimo, inicialmente trabalhador honrado, é corrompido pela paixão por Rita Baiana e pela vida do cortiço: isso o leva a atos de violência (incluindo o confronto que termina em mortes), mostrando a tese naturalista do meio como fator transformador.
14 — D) Enlouquece e provoca incêndios no cortiço.
Brasil Escola
Explicação: A personagem conhecida como Paula (a Bruxa) enlouquece em episódios finais e chega a atear fogo em pontos do cortiço — acontecimentos que intensificam a crise coletiva e o desenlace conflituoso da narrativa.
Brasil Escola
15 — E) Capoeirista / malandro ligado à violência de rua.
Explicação: Firmo é figura ligada ao jogo, à capoeira/malandragem urbana; personifica o lado violento e tumultuado das relações do cortiço — sua presença alimenta intrigas e violência entre os moradores.
16 — E) Explorando o trabalho alheio e reinvestindo os lucros.
Explicação: A estratégia de João Romão é a acumulação via exploração (trabalho dos moradores, economia por meio de baixos custos, cobrança de aluguel) e reinvestimento em mais quartos/negócio — fórmula que o transforma em pequeno capitalista do cortiço.
17 — B) Rita Baiana.
Explicação: Rita encarna o estereótipo da mulher mulata sensual e festeira que, nos pagodes e danças, atrai a atenção dos homens e provoca ciúmes e conflitos (caso Jerônimo), sendo figura central do imaginário do cortiço.
18 — C) Expor, em linguagem naturalista, a influência do meio e denunciar desigualdades.
Explicação: A leitura tradicional vê O Cortiço como denúncia social por meio de descrição naturalista: Azevedo mostra como pobreza, mores e ambiente condicionam o comportamento, oferecendo crítica às estruturas sociais.
19 — D) João Romão reconstrói/amplia o cortiço e volta a lucrar.
Descomplica
Explicação: Mesmo após violentos episódios e incêndios, João Romão sabe transformar a crise em oportunidade: reconstrói e amplia as moradias, retirando novo proveito econômico — atitude que evidencia sua avareza e espírito empreendedor à custa dos pobres.
Descomplica
20 — E) Narrativa descritiva e documentária, com falar popular e descrição ambiental (marca do naturalismo).
Explicação: O estilo de Azevedo mistura descrição minuciosa, traços de “relato documental”, muitas passagens que reproduzem fala popular e descrições fisiológicas/ambientes — recursos típicos do naturalismo para construir a verossimilhança social.
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